sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

Dinheiros velhos vs. dinheiros novos

Até ao reinado de D. Afonso III, o numerário de bolhão português era constituído por dinheiros de leis diversas mas com o mesmo curso legal. Presume-se, portanto, que estava sobrevalorizado; em consequência disso, o custo de vida subia. Estes dinheiros velhos tinham os dias contados.
Afonso III concebeu um saneamento monetário, criando os dinheiros novos em 1260, na tentativa de aproximar o valor intrínseco da moeda ao seu valor legal.
As consequências deste saneamento não são muito claras, mas os dinheiros novos implantaram-se e assumiram papel relevante na numária nacional.
Observação:
Para a organização "didáctica" desta página sobre DINHEIROS, basear-nos-emos em quatro referências fundamentais ( embora estejamos atentos a outras aportações):
Aragão, A.C.Teixeira de ( 1964/2), Descrição Geral e Histórica das Moedas Cunhadas em Nome dos Reis, Regentes e Governadores de Portugal. Livraria Fernando Machado: Porto.
Gomes, Alberto ( 2001), Moedas portuguesas e do território português antes da nacionalidade. Associação Numismática de Portugal: Lisboa.
Ferro, Maria José Pimenta ( 1978), Catálogo de moedas portuguesas do Gabinete de Numismática da Biblioteca Nacional de Lisboa. Biblioteca Nacional de Lisboa: Lisboa.
Marques, Mário José Gomes ( 1983), "Dinheiros Novos". Em Revista de Guimarães. Casa de Sarmento: Guimarães.

2 comentários:

JOSÉ SILVA disse...

Do meu conhecimento, todos os dinheiros foram cunhados em bolhão, que é uma liga de prata e cobre. Não consta que tenham sido cunhados em Portugal dinheiros apenas em prata. A ser verdade tal facto, que comentário lhes oferece o seguinte texto?

Citação:
"The early coins of both the Spanish and Portuguese nations followed the pattern established in France and other medieval nations with longer histories of established coinages. All the dineros of Castile and Leon, Navarre, Aragon, and Portugal were initially of silver and followed the general weight patterns of the era." ( p. 17)

Lhotka John F. e Anderson, P. K. (1989), Survey of Medieval Iberian Coinages. Sanford J. Durst, Numismatic Publicatiobs: New Iork.

JOSÉ SILVA disse...

Resposta de Mário Carvalho, in "Fórum de Numismática":

Os dinheiros circularam em toda a Europa e foram aceites por todo o lado, eram a moeda única da época. O que variava era precisamente o valor desses dinheiros, nomeadamente por causa do teor de prata.
Os chamados "dinheiros brancos" ou de melhor bilhão, com um elevado teor de prata, ou seja, com quase 500%0 de prata chegaram de facto a ser cunhados em Portugal por D. Afonso Henriques, são aqueles dinheiros de busto, com as letras monetárias CO (muito possivelmente Coimbra).

Mesmo os restantes dinheiros de D. Afonso Henriques têm de facto um teor de prata muito elevado, quando comparados com os dinheiros dos seus sucessores, basta dizer que as moedas de D. Afonso Henrique têm uma permilagem média de 300%0 de prata, o que é uma enormidade, quando comparados com os dinheiros do seu filho e dos sucessores, que andavam à volta dos 80%0 de prata, verdadeiro bolhão pobrezinho.

É por isso que se virmos num museu, os dinheiros de D. Afonso Henriques têm um aspecto esbranquiçado, de prata.

Há ainda outra excepção, que são uma série de dinheiros de D. Afonso III, que chegaram a ser cunhados com bastante prata, tendo um aspecto branco, esses dinheiros são em bolhão, mas têm bastante prata. O AG e o Ferraro Vaz não fazem distinções de toque, mas houve de facto distinção, sendo os dinheiros brancos de Afonso III mais escassos do que os normais em bolhão pobre. Foram cunhados antes de 1361.